24 de outubro de 2008

Em pauta: educação

Melhorar a educação é a principal solução para o Rio de Janeiro se tornar uma cidade sustentável. Pelo menos na opinião de quem votou na primeira enquete do nosso blog, o item que engloba educação e qualificação profissional foi o mais votado. Mas que educação é essa? Como anda o ensino no Rio de Janeiro?
Apesar de alguns números favoráveis, o ensino público no Rio continua longe do ideal. Segundo dados do IBGE, depois da implantação do sistema de ciclos, a defasagem idade/série caiu 15,5%, ou seja, os alunos estão na série ideal para sua idade. Porém, esses números positivos escondem uma verdade assustadora: 84,5% das crianças que não sabem ler, nem escrever estão matriculados em alguma turma do ensino fundamental ou médio.
O que não podemos fazer é colocar a culpa dessa situação no sistema de ciclos, pois a idéia dele é boa: não se deve aprovar ou reprovar, mas dizer aonde o aluno chegou para que no próximo ano retome-se o processo ensino-aprendizagem do ponto em que aquele aluno parou. Sem pular etapas.
O problema é que esse sistema com progressão contínua nunca existiu de verdade nas escolas do Rio de janeiro. O que era para ser uma solução à reprovação e manter as crianças estimuladas a estudar, acabou fazendo justamente o contrário: hoje, com a certeza de que, ao final do ano, passarão para próxima série independentemente de terem aprendido ou não, os alunos estão perdendo o estímulo para estudar.
É o caso de Isarrael, que aos quatorze anos está matriculado no quinto ano do ensino fundamental de uma escola municipal do Rio de Janeiro, mas não sabe ler ou escrever e por isso não consegue acompanhar os colegas de classe.
A causa para problemas que a educação carioca enfrenta não está somente no sistema adotado, ou na ausência dele. E a solução também não é fácil de encontrar. É claro que se precisa melhorar a infra-estrutura das escolas, qualificar os professores e conseqüentemente melhorar a qualidade do ensino.
Porém, conversando com alunos, pais de alunos, professores e especialistas em educação ficou claro que antes de qualquer coisa é necessário que haja uma ampla discussão para se encontrar o melhor caminho, o melhor sistema a ser seguido. E não decretar, de cima para baixo e da noite para o dia, dentro de uma sala isolada o futuro da educação.

8 de outubro de 2008

Nossa primeira enquete

Nossa primeira enquete chegou ao fim, e agora podemos ver o que o pessoal está pensando sobre as prioridades para um Rio de Janeiro mais sustentável. O item que engloba um aumento da educação e da qualificação profissional liderou nossa votação, seguido da despoluição da Baía da Guanabara e do item que abrangeu o sistema de coleta seletiva de lixo e a reciclagem, que apareceram empatados. Todos os itens da enquete têm alguma relevância para a discussão do crescimento sustentável da cidade do Rio, mas esses três fatores citados acima parecem preocupar mais as pessoas neste momento. Por isso, nos próximos dias, vamos nos focar nesses temas.

E você, o que você achou do resultado da enquete?

2 de outubro de 2008

Mercado bipolar

Economistas do mundo inteiro costumam dizer que a bolsa de valores é o termômetro do humor do mercado. Bem, se isso for verdade, podemos dizer que o mercado financeiro sofre do mal conhecido como transtorno bipolar, distúrbio caracterizado pela variação de humor entre euforia e depressão.

No último mês, retiraram os “remédios tarja preta”, entenda isso como a quebra de bancos e seguradoras americanos, do paciente (o mercado financeiro) e pronto, foi um Deus nos acuda, as bolsas do mundo inteiro entraram em parafuso. Isso mesmo, não foram só os países emergentes que sofreram o baque e começaram a variar diariamente entre altos e baixos, até as poderosas bolsas de Wall Street entraram no sobe-e-desce.

No dia em que banco americano Lehman Brothers quebrou, as bolsas despencaram; depois, subiram um pouco. E voltaram a cair pesado quando quem quebrou foi a seguradora americana AIG. Agora qualquer boato, principalmente vindo do Congresso americano, muda o humor dos investidores. A expectativa pelo “pacotão” não pára de balançar essa gangorra que virou o mercado financeiro.

Aí entramos em outra discussão. Esses mesmos investidores que sempre defenderam uma economia totalmente liberal, sem intervenções governamentais, foram vítimas de sua própria ganância e agora esperam que o governo venha com a solução para crise. Primeiro foram os bancos centrais que ajudaram, agora está todo mundo esperando que o tal “pacotão” multibilionário saia do papel e salve a economia mundial. Será isso mais um sintoma da bipolaridade do mercado?

Desse jeito é muito fácil ser irresponsável. No “novo modelo capitalista” inventado pelos poderosos de Wall Street quem paga a conta dos exageros cometidos dentro das bolsas de valores é a população. A idéia básica desse novo modelo é simples: privatizar os lucros e socializar os prejuízos.